quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Dr. Drauzio Varella entrevista o Dr. Jacques Tabacof - Parte III



Dr. Drauzio Varella entrevista o Dr. Jacques Tabacof , médico hematologista. Especialista em tratamento de leucemias e linfomas, trabalha nos hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein. - Parte III

Tratamento: indução da remissão



Drauzio – Quando o tratamento precisa começar o mais depressa possível porque o paciente está em risco, qual é a primeira medida que deve ser tomada?
Tabacof – Basicamente, na grande maioria das leucemias agudas, o tratamento começa pela quimioterapia. Tanto o tratamento da leucemia mielóide quanto o da linfóide, em geral, exige internação hospitalar e aplicação de um cateter central porque as veias dos braços não são suficientes para suportar a aplicação das drogas quimioterápicas e as transfusões necessárias.
Essa primeira fase do tratamento é chamada de indução da remissão e seu objetivo é matar, eliminar as células doentes, os blastos. Às vezes, em uma ou duas semanas eles somem do sangue porque são muito sensíveis à quimioterapia.Eliminados os blastos, há a recuperação das outras séries, porque eles deixaram de infiltrar a medula e os precursores das células vermelhas proliferam, assim como se normaliza a produção de hemoglobina e das plaquetas e o hemograma se restabelece nos níveis adequados.
Embora no início o tratamento seja bastante dramático e agressivo, em poucas semanas de internação hospitalar, há a indução da remissão. Um novo mielograma costuma revelar que não existe mais doença na medula óssea. O paciente atingiu de fato a remissão. Sabe-se, porém, que essa intervenção terapêutica não basta para eliminar de vez a leucemia. Podem ter sobrado pequenas quantidades de células doentes que farão a doença voltar invariavelmente. A indução é o primeiro passo para cura, mas se o tratamento parar aí, a doença recidiva.
Drauzio – Quanto tempo dura essa etapa do tratamento?
Tabacof – Em geral, dura mais ou menos um mês.

Tratamento: estratégias de consolidação
Drauzio – Como você dá continuidade ao tratamento?
Tabacof – O tratamento continua com as estratégias de consolidação. Existem estudos especializados que mostram qual a melhor consolidação para cada subtipo de leucemia. Se a pessoa tem determinada translocação em sua alteração genética, o melhor tratamento pode ser só a quimioterapia. O paciente recebe, então, mais três ou quatro ciclos de quimioterapia em doses convencionais. No entanto, o prognóstico pode ser tão desfavorável que a melhor conduta seja o transplante de medula óssea.
Drauzio – Vamos deixar claro que medula óssea não deve ser confundida com a medula espinhal.
Tabacof – Quando se fala em medula óssea estamos nos referindo à fábrica das células do sangue que fica dentro dos ossos, no tutano de ossos como o esterno, a bacia, o fêmur, etc. Não se deve confundir medula óssea com a medula nervosa ou espinhal que percorre o interior da coluna vertebral.

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